Oliver Dudok van Heel, o novo diretor global de Sustentabilidade da consultoria Global Kearney esteve em maio no Brasil e falou com exclusividade ao Prática ESG sobre mudanças na maneira de fazer negócios na economia verde.
A.T. Kearney é uma empresa de consultoria empresarial norte-americana. Fundada em 1926 com escritórios em mais de 90 países e é considerada uma das maiores empresas de consultoria do mundo.
Selecionamos os principais tópicos da conversa para você conferir:
1. Prática ESG ainda é algo local e pontual?
As leis da União Europeia não têm impacto só local, mas internacional. Se produtores de commodities brasileiros quiserem vender para a Europa, precisam seguir uma série de pré-requisitos de sustentabilidade. Apesar dessas leis serem locais, elas têm alcance mundial porque a cadeia de suprimentos é globalizada.
2. Além da legislação, onde as empresas devem prestar mais atenção?
Investidores, funcionários e consumidores são peças importantes. Os investidores agora veem sustentabilidade como fator de mitigação de risco e geração de valor. Eles incorporaram a sustentabilidade em seus modelos de avaliação. Isso é muito importante e começa por incluir na análise o cálculo da pegada de carbono ao longo do tempo.
3. E quanto aos funcionários e consumidores?
As novas gerações se importam com sustentabilidade e querem trabalhar em companhias que entendem os desafios e contribuem para melhorá-los. No caso dos consumidores, nos últimos 15 anos, o número de pessoas que compram produtos orgânicos ou éticos chegou a cerca de 10% do mercado na Europa.
4. Na sua opinião, onde as empresas estão se enroscando mais na agenda ESG?
Muitas contratam consultorias para aconselhar, montar a estratégia de sustentabilidade. Onde elas tendem a travar é na entrega, porque é difícil mesmo. Há uma grande diferença entre ambição e realidade. Em descarbonização, não é só prometer ser carbono neutro até 2030 e fazer auditoria técnica na fábrica. É ter metas baseadas na ciência, avaliar toda a sua cadeia, repensar design de produtos, ser eficiente em energia e água e reduzir a pegada de carbono do cliente no uso de produtos e serviços.
5. Parte da mudança passa por tecnologia e novas ideias, muitas caras e arriscadas. Como o setor financeiro contribui no financiamento dessa transformação?
Para clientes em private equity nós fazemos uma due diligence ESG para mapear os riscos envolvidos. Isso pode mudar a percepção sobre a empresa e até o preço que estaria disposto a pagar por ela. Mas para o Venture Capital ou Private Equity vender em cinco a sete anos suas ações com lucro, como é esperado neste tipo de operação, a empresa tem de parecer robusta para operar pelos 10 a 15 anos seguintes. Então você tem que preparar um negócio que seja à prova de futuro.
6. E como saber se uma empresa tem esse potencial?
A pergunta é como você identifica a criação de valor? E muito do trabalho que fazemos é sobre isso. Desenvolvemos ferramentas de avaliação para analisar seu potencial de gerar valor com base no setor que essa empresa está, onde ela opera; quais são seus principais problemas; e em que ela deve se concentrar. Daí você olha o desempenho dela nesses quesitos e entende o que daria para melhorar.
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